quarta-feira, 1 de julho de 2009

LEIS PARA NÃO SEREM CUMPRIDAS

LEIS PARA NÃO SEREM CUMPRIDAS


Um articulista do jornal O IMPARCIAL dia desses demonstrou sua preocupação com o não cumprimento da lei municipal 3203 de 7 de dezembro de 1992. Faz dezessete anos que ela existe, comprovando que assim como no Brasil, as leis aqui são feitas para não serem cumpridas. Não pense o leitor amigo que é alguma lei complicada ou por regulamentar, artifício usado pelo executivo para só cumprir as leis no tocante ao seu interesse, não, é uma lei humana que existe em boa parte do país civilizado, mas que beneficiando uma memória ligada às artes e à cultura, dentre o conceito que temos do assunto, é inútil e cara.
Nossa concepção de arte e cultura é “poética,” coisa de bajuladores e menestréis que através de seu talento “versejador” diverte ,beirando o ridículo, a emoção de seu Senhor. Coisas da idade média como vivemos hoje, quando os critérios do conhecimento foram abolidos e a selvageria comercial e as religiões do medo se estabeleceram como um todo. O que parece distante é presente a todo instante por aqui, nesse início de formação social organizada pelo sentimento do colonizador e submisso ao dinheiro que vem de fora. Nossa baixar auto estima ,nossa falta de identidade, nossos debilitados gerentes públicos e nossa política de oportunidades nos levam a conviver com mentiras: que mesmo repetidas à décadas, continuam sendo mentiras: terra de poetas .cidade da cultura,” berço de heróis”, cidade turística.
Talvez nossa baixa auto estima tenha nos levado a cristalizar que :” tudo que é bom não é para nós”. Quando alguém na juventude demonstrava estudo e competência os amigos alertavam que os pais ou responsáveis deveriam mandar a pessoa embora, porque aqui não teria futuro.Se alguma coisa de qualidade era feita logo se dizia que não era coisa para cá onde nada de bom poderia acontecer. E a cultura da pobreza, do pior, da submissão e da falta de coragem para mudar . Praga do Padre Vieira ou não, o fato é que tudo de bom era para lá ficando o decadente e de má qualidade para cá.Nada pode dar certo com esse espírito e essa maneira de encarar o mundo e tanto é verdade, que os melhores foram embora e substituímos a inteligência produtiva pela esperteza.E nos sentimos realizados , o que é bem pior.
Esse espírito e modelo consolidaram-se em todos os setores de nossa sociedade. A luta travada pelos bons parece inócua; o modelo é outro e ,diga-se, o pior que se pode implantar.Nesse clima, o respeito é aos poucos anulado e os interesses pessoais prevalecem.A comunidade vira discurso , as instituições servem não ao público mas ao privado,e o dinheiro compra tudo; o importante não é ser mais ter, É nesse momento que as leis vão para o brejo, excetuando -se aquelas que cobram impostos. O valor e a competência são atribuídos pelo tamanho do carro a moral pela grife e a honestidade pela conta bancária em algum paraíso fiscal. Enfim, tem-se vergonha de ser honesto.
É nesse clima que a lei “adolescente” aparece. A lei 3 203 que dispõe sobre a colocação de obras de arte em edificações, igual a que existe em outros estados onde o interesse pessoal não determina sobre o interesse público, e fica empacada porque, afinal quem são esses artistas plásticos do Maranhão que não tem número expressivo de votos, não pagam propinas e não aparecem na Globo. Como embutir na identidade social de um povo esse tipo de representação ? Como, se nossa representatividade não passa por conhecimento mas por esperteza ou faz de conta. Como exigir respeito por nós mesmos, se estamos correndo o risco de deixar de existir!Nós não fazemos eco para nenhum quadrante, então como nos representar e de que forma!
A lei subordina o habite- se à colocação de obra de arte pelo valor de 2% do valor da obra edificada sendo proporcional à qualidade que se espera da obra a ser colocada. Ou seja, se é um prédio pequeno, o valor é menor, se é um prédio de alto luxo o valor aumenta afinal, o material é mais caro( aço, cobre, bronze, tinta importada) Os trabalhadores na execução do trabalho tem que ser remunerados, tem-se que contratar alguém da engenharia para calcular, desenhista, além da indispensável parceria com o arquiteto ,que também deve ser pago no contexto do desenvolvimento da obra, etc. . etc. O dinheiro para a colocação de obra de arte não entra limpo como aquele que amansa a burocracia e a fiscalização.A prefeitura ignora a lei e os sócios da construção civil agradecem, com boas participações nas campanhas.Nesse tipo de administração pública administra-se para muito poucos.
A colocação de obra de arte em edificações,não só demonstra conhecimento e respeito a São Luis, como nos coloca lado a lado com o desenvolvimento. Cria no mercado cultural o mercado das artes plásticas desimpedindo os “órgãos de cultura” dos donativos sempre inexistentes e, permite ao artista cidadão e eleitor, formador de opinião, a possibilidade de pagar por sua sobrevivência humana e seus impostos. O dinheiro circula e as pessoas ganham dignidade. Os dois por cento tranquilamente seriam diluídos no preço final, preço já bem alto para a realidade local. Quando ha boa vontade, visão administrativa e respeito à instituição tudo é possível. Não é assim em outros estados? Ou seremos pior que ele?

Recorreram os artistas ao Ministério Público, e não lhes faltou atenção. Depois da formulação do processo a prefeitura, através do secretário da época, resolveu empurrar com a barriga, como sempre faz. Os procuradores alegaram a inconstitucionalidade da lei. Para quê? Para levar o processo as instâncias superiores e ganhar tempo, já que as edificações estariam com habites irregular, no “arrepio” da lei.Mas lei não interessa” é feita para ser burlada.”Qual é o pobre ,qual é o fraco, que espera o acolhimento da justiça?Duvida dessa afirmativa? Saia às ruas e pergunte a população. O que vai ouvir é assustador!
Sempre há uma saída; exemplo: mudar a lei. Se a lei não interessa a um sócio poderoso, muda-se a lei.O perigo e penitenciar a proposta e obrigar o artista a trabalhar de graça já que ele quer colocar sua obra em algum empreendimento, ou pior, definir que ele deva pagar 2% do valor da edificação para ter sua obra no jardim ou no hall. Duvidam? O pior é que espertamente vêem sendo contratados trabalho para edifícios e condomínio por preço mínimo e qualidade menor ainda, para em futuro próximo justificar o acolhimento da lei por parte do empresariado.
Talvez o ideal seja revogar a lei. Afinal seria uma medida simples que ninguém notaria e agradaria à todos. Na sua revogação, tornaria nulas todas as ações decorrentes dela em seu período de vigência ( aqui isso é possível) e assim tornaria legitimo os habites dados. Coisa assim é que deve nossa sociedade, e principalmente todas as áreas da cultura, esperar do poder público, coisa, atitudes, que demonstrem publicamente a quem e para quem ele trabalha, e, com as cartas na mesa começaremos a demonstrar nossa indiguinação.
As leis são feitas para serem cumpridas, quando assistimos a esse tipo de atitude todos corremos perigo. Convivemos com um legislativo que legisla segundo o interesse do executivo e um judiciário que anestesia a indignação do cidadão. Esse não é um fato isolado, hoje é a cultura que é desconsiderada, amanhã os transportes, a saúde, a educação, a segurança e em breve teremos uma administração de interesses pessoais sem qualquer compromisso com a sociedade, uma forma moderna de atrasada e absoluta tirania.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

LOTEANDO A ESPERANÇA


Não pense o leitor amigo que os muros limitam os sonhos; proposta de

limitar os morros com muros, solução que tenta resolver de imediato o que não se resolveu à séculos vai gastar dinheiro e não dará em nada. Quando muito pode gerar conflitos, reclamação e muita besteira.

É hábito de nossos gestores públicos criarem soluções imediatas que não têm continuidade, e terminam onerando os cofres do estado e a paciência do concidadão na forma de tapar buracos que termina por terra antes mesmo que o governo acabe.

Levantar muros e defender o verde parece sensato em um país desenvolvido onde o cidadão espera do governo algo mais que cobrança de impostos e repreensão contra o cidadão produtivo. Se a educação, que vai alem dos muros da escola, se a saúde que não se limita aos muros dos hospitais e a segurança onde a corrupção é vivenciada intra muros, funcionassem em todo o país, talvez diminuísse a migração indesejada que termina povoando os morros indevidamente.

Reclamamos quando outros paises erguem “muros” contra nossa migração, nos tornar inferiorizados não poder ir e vir pelo mundo e ainda sermos devolvidos na marra é inconcebível. Os que migram para o sul, desinformadamente, acreditam no que as novelas e a propaganda dizem. São vítimas da inocência que tanto agrada os políticos e atrasa o pais.

Não temos nenhum projeto de desenvolvimento; nosso crescimento é epilético, vive de crise em crise, nossos “gestores públicos” tem projetos pessoais bem acima dos projetos públicos, nossos políticos, bem é só abrir um jornal para que saibamos que caráter têm.

Levantar muros, colocar postes com boa iluminação, plantar árvores, qualquer coisa não resolvera o problema o ideal seria a melhora do transporte público sem agressões, a urbanização dos morros e educação consistente e consciente para todos. O partidarismo brasileiro é a maior prova da molecagem que é nossa política. Para que cresçamos só é preciso trabalho e idealismo desenvolvimentista, sem tantos ladrões, é claro, e então em tempo útil os problemas diminuirão sem afrontar tanto nossa cidadania e nossa dignidade.

Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo

domingo, 29 de março de 2009

SEM PÉ NEM CABEÇA

Depois tem gente que se assusta
com a Mula Sem Cabeça,
que é MSC sem ser MST,
e por enquanto, não tem recebido
verbas extras. Aguarde nossa ONG
para enviar seus desvios e superfaturamentos.









(ilustração Chico Caruso)

quarta-feira, 25 de março de 2009

A MULA TÁ VIAJANDO

A mula sem cabeça resolveu fazer um tour pelo estado e constatou:

- Para nascer, foi indicada a Maternidade Marly Sarney;

- Para morar, uma das vilas: Sarney, Sarney Filho, Kiola Sarney ou Roseana Sarney;
- Para estudar, as seguintes opções de escolas: Sarney Neto, Roseana Sarney, Fernando Sarney, Marly Sarney e José Sarney;
- Para pesquisar, pegou um taxi no Posto de Saúde Marly Sarney e foi até a Biblioteca José Sarney, que fica na maior universidade particular do Estado do Maranhão, que o povo jura que pertence a um tal de José Sarney;
- Para inteirar-se das notícias, leu o jornal O Estado do Maranhão, ligou a TV na TV Mirante, ou, quando foi ouvir rádio, sintonizou as Rádios Mirante AM e FM, todas de propriedade de José Sarney.
- Para entrar ou sair da cidade, atravessou a Ponte José Sarney, pegou a Avenida José Sarney e foi até a Rodoviária Kiola Sarney. Lá pegou um ônibus caindo aos pedaços, e algumas horas depois pelas 'maravilhosas' rodovias maranhenses chegou no município José Sarney.
- No interior do Estado, ligou em uma das 35 emissoras de rádio ou 13 repetidoras da TV Mirante, todas do mesmo proprietário (pra quem não se lembra, José Sarney).
- Queria saber sobre as contas públicas, então foi ao Tribunal de Contas Roseana Murad Sarney (recém batizado com esse nome, que até onde ela sabe, coisa proibida pela Constituição)

A mula sem cabeça não gostou de nada disso, então foi reclamar...
Foi então ao Fórum José Sarney, procurou a Sala de Imprensa Marly Sarney,
Recebeu a informação para ir à Sala de Defensoria Pública Kiola Sarney......

... e enlouqueceu, resolveu sair dançando por aí, reclamar pra quem ? .....

terça-feira, 3 de março de 2009

MARIOCAS - o que é isso?


Entre os 400 blocos que desfilaram pelo Rio no carnaval teve até um dedicado ao coco maranhense. Desfilou em Ipanema, com o nome de Os MARIOCAS, puxado pela porta-bandeira Denise Maria, “um bloco de resistência cultural, melancólico, parecia uma aLuCiNaçãO vinda de São Luís”. MARIOCAS é mistura de maranhense e carioca.

Jornal O GLOBO 3/03/09 Joaquim Ferreira dos Santos

sábado, 21 de fevereiro de 2009

QUERO UM DESSE PRO MEU PESCOÇO

Agora a moda é, em vez de ser enterrado num caixão, ou ser cremado, virar diamante após a morte.

Uma empresa suíça agora garante ao falecido reservar o seu lugar na eternidade sob a forma de um diamante humano.

Os restos humanos são submetidos a várias etapas de transformação: Primeiro, viram carbono, depois grafite. Em seguida são expostos a temperaturas de 1.700º e finalmente transformam-se em diamantes artificiais, num prazo de 4 a 6 semanas.Na natureza, o mesmo processo leva milénios.Cada diamante é único. A cor varia do azul escuro até quase branco. É um reflexo da personalidade', comenta o fabricante.

Uma vez obtido, o diamante bruto é polido e talhado na forma desejada pelos familiares do falecido para depois ser usado num anel ou num cordão.J á pensou poder levar o seu ente querido, depois da morte, num colar ou anel? Se perguntarem sobre o falecido você vai poder dizer: 'Ele era uma jóia rara'. O preço desta transformação oscila entre 2.800 e 10.600 euros, segundo o peso da pedra e do tamanho da sua carência. Aqui na terrinha, tem muita gente com dinheiro e amores sobrando prá fazer um desse.


ANTIGO AMOR DA MULA SEM CABEÇA

SENTENÇA PROFERIDA EM 1487 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE TRANCOSO


Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de:

- ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos;
- de cinco irmãs teve dezoito filhas;
- de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas;
- de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas;
- de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas;
- dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas,
- da própria mãe teve dois filhos.

Total: duzentos e noventa e nove, sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres'.

[agora vem o melhor:]

El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou por em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de 1487, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo, e guardar no Real Arquivo da Torre do Tombo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo'